quinta-feira, 31 de maio de 2012

Acupuntura na odontologia

A acupuntura tem sido uma ferramenta muito utilizada por dentistas, pois trata a saúde do paciente como um todo
Fonte: Revide On-lineTexto: Pâmela Silva - Fotos: Carolina Alves

Confira as Fotos

A acupuntura tem mais de  quatro mil anos, mas seu uso na área odontológica ainda é recente e tem sido uma ferramenta muito utilizada por profissionais da área, pois trata a saúde do paciente como um todo.

Conhecida também como odontologia sistêmica, o tratamento analisa a relação da saúde bucal com o corpo e os aspectos emocional, mental e comportamental do indivíduo. Assim, qualquer disfunção ocorrida na cavidade bucal será visualizada como uma alteração em um sistema em que todo o organismo está envolvido.

Durante o tratamento, o paciente passa por uma avaliação criteriosa baseada na medicina tradicional chinesa, com o objetivo de colher dados relacionados aos seus hábitos, como alterações visíveis em sua saúde geral, métodos de palpação dos músculos envolvidos no processo de dor e desgastes atípicos nas restaurações, ou seja, uma coleta geral de dados do paciente para confirmar se a acupuntura pode ser aplicada. “Após extensa avaliação, o paciente é submetido a sessões de acupuntura sendo reavaliado a cada retorno. Existem técnicas auxiliares como o uso de aparelhos como Hai-hua, maxobustão, uso de ventosas, magnetoterapia ou ainda aplicação de laser e eletroacupuntura”, explica a cirurgiã dentista e acupunturista, Dra. Odinê Rêgo Bechara.

Atualmente, a acupuntura odontológica atrai muitos adeptos que buscam o equilíbrio entre as alterações odontológicas e as condições sistêmicas, visando à plenitude na saúde do paciente.

Além disso, a aplicação desta técnica vem sendo uma das alternativas de tratamento para pacientes que possuem restrição no uso de alguns medicamentos ou quadros de dor.

Segundo a empresária Vera Lúcia Leão, que passou por diversos tratamentos odontológicos, a acupuntura trouxe alívio imediato. “Estava tratando de dores no maxilar há algum tempo, porém o incomodo persistia. Assim que soube do tratamento de acupuntura resolvi experimentar e notei a mudança logo na primeira sessão”, afirma.

A dentista ressalta que esta técnica milenar visa restabelecer a saúde, interferindo e harmonizando a energia do paciente através dos canais de energia onde se encontram os pontos de acupuntura. “Os resultados dos tratamentos são satisfatórios, conquistamos o objetivo sem o uso de medicamentos devolvendo qualidade de vida ao paciente”, argumenta Odinê.

Odinê diz, ainda, que a acupuntura odontológica deve ser utilizada como recurso terapêutico efetivo pelas inúmeras atuações e bons resultados que apresenta, e salienta que como toda ciência que visa uma atuação clínica, esta técnica requer conhecimento e capacitação.

“Promover saúde requer responsabilidade, amor e, sobretudo dedicação. A saúde começa pela boca. Relaciono sempre meu trabalho com qualidade de vida, vislumbrando sempre a possibilidade de educar e conscientizar o paciente de sua responsabilidade frente a sua saúde como um todo”, conclui.

Tratamento milenar
A acupuntura é uma terapia complementar onde através da inserção de agulhas em pontos específicos do corpo humano canais de energia são ativados. A correta estimulação pode trazer muitos benefícios, entre eles, o de analgesia odontológica.

A prática tem como principal objetivo o equilíbrio entre corpo e mente através da manipulação da energia que circula nos canais que se distribuem em rede por todo o organismo.

Dra Odinê lembra que a acupuntura odontológica ganhou destaque devido ao grande número de trabalhos científicos publicados e como em todo e qualquer tratamento a acupuntura requer bom senso e capacitação. “É fato que a acupuntura tornou-se hoje uma opção a mais de terapia, em que o profissional, além de adquirir novos conhecimentos, encontra um campo aberto a novas pesquisas na área da saúde”, finaliza.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Tratamento de Infecções Bacterianas


 Um artigo publicado por pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Guarulhos (UnG) no Journal of Clinical Periodontology está entre os mais citados e acessados do periódico de maior impacto científico na área odontológica.O artigo apresenta os resultados de um estudo realizado com apoio da FAPESP, que indicou que o tratamento convencional de infecções bacterianas que afetam as gengivas e os demais tecidos que circundam os dentes (periodontites) pode ser significativamente melhorado por meio do uso concomitante dos antibióticos metronizadol e amoxicilina.

Os pesquisadores avaliaram um grupo de 30 pacientes atendidos no Centro de Estudos Clínicos em Odontologia da UnG acometidos com periodontite agressiva – um tipo de infecção bacteriana rara que afeta normalmente pessoas mais jovens e é caracterizada pela rápida perda dos ossos de suporte, podendo resultar na perda de dentes, principalmente os molares e incisivos.

Tradicionalmente, a doença e os outros tipos de infecções periodontais são tratados pelos periodontistas por meio da raspagem mecânica e alisamento das raízes dos dentes para remoção das bactérias que colonizam a região entre os dentes e as gengivas e atacam os ossos de suporte dentário. Entretanto, principalmente os pacientes jovens não respondem bem a esse tipo de tratamento e apresentam recorrência da doença.

Ao realizar o tratamento convencional associado ao uso dos antibióticos metronizadol e amoxicilina em metade dos pacientes participantes do estudo, os pesquisadores da UnG constataram que após três meses eles apresentaram uma resposta clínica melhor do que os que só receberam o tratamento convencional. Além disso, também houve uma melhor recolonização da placa bacteriana (biofilme) localizada abaixo da margem da gengiva.

“Observamos que a microbiota bucal dos pacientes que foram submetidos a limpeza mecânica associada à terapia com antibióticos apresentou maior proporção de bactérias benéficas e menor proporção de patógenos. Essas diferenças se mantêm por um período maior do que nos pacientes tratados somente da forma convencional”, disse Magda Feres, coordenadora do programa de pós-graduação em odontologia da UnG e uma das pesquisadoras participantes do projeto à Agência FAPESP.

Para avaliar a placa bacteriana dos pacientes com periodontite agressiva que participaram do estudo, os pesquisadores utilizaram uma técnica molecular para análise microbiológica chamadaCheckerboard DNA-DNA hybridization, que diagnostica bactérias por sonda de DNA.

A técnica, desenvolvida pelo pesquisador Sigmund Socransky, do Forsyth Institute, associado à Universidade Harvard, é utilizada atualmente em apenas seis laboratórios no mundo e foi implantada no Laboratório de Microbiologia da UNG por Feres, que realizou doutorado na instituição norte-americana sob orientação de Socransky.

“Esse método inovou a forma de diagnosticar e de acompanhar os resultados do tratamento de periondotites ao permitir avaliar diversas bactérias associadas às infecções na gengiva e obter diversas amostras de placa bacteriana de cada dente dos pacientes para verificar o que ocorre na composição da microbiota bucal”, explicou Feres.

Por meio da técnica, a pesquisadora e seu grupo conseguiram avaliar as alterações promovidas pelo tratamento tradicional de periodontite agressiva associada à medicação com metronidazol e amoxicilina em um conjunto de 40 bactérias da microbiota bucal dos pacientes, das quais algumas são benéficas e outras são associadas às periodontites.

Os exames revelaram que os antibióticos ajudaram a promover uma melhor recolonização do biofilme dos pacientes, que apresentou maior proporção de bactérias benéficas do que patogênicas em comparação com o dos pacientes que só receberam o tratamento convencional.

“Constatamos que nos pacientes que não tomaram antibióticos houve um retorno maior e mais rápido dos patógenos após o tratamento, enquanto a microbiota dos que receberam a medicação se manteve mais estável e mais benéfica, o que resultou na melhora dos parâmetros clínicos, como redução de sangramento e regressão da doença”, disse Feres.

Os pesquisadores estão com um novo artigo em fase final de avaliação no mesmo periódico – o primeiro foi publicado em 2010 –, com os resultados de um estudo envolvendo 120 pacientes adultos, em que demonstram que a recolonização benéfica se manteve em um período de um ano em pacientes com periodontite crônica – outro tipo de periodontite com maior prevalência em adultos.

Fator de risco para alterações sistêmicas

As periodontites são causadas pela colonização da boca por determinadas espécies de bactérias que podem ser transmitidas dos pais para os filhos e que podem se reproduzir na margem da gengiva quando há uma baixa resistência do hospedeiro.

Ao colonizar a margem da gengiva, o organismo tenta se livrar delas, desencadeando um processo inflamatório de evolução rápida, que produz metabólitos que degradam os tecidos em volta dos dentes e os ligamentos periodontais (os ossos de suporte).

Por estar associada a uma carga muito alta de bactérias agressivas à saúde, alguns estudos recentes em uma área da periodontia, chamada medicina periodontal, têm sugerido que as infecções periodontais podem funcionar como fator de risco para outras alterações sistêmicas, como parto prematuro, doenças cardiovasculares e infecções pulmonares.

“As bactérias podem se alojar em outro local do organismo, além da boca, e desencadear uma reação sistêmica. Mas essas associações ainda não estão totalmente demonstradas”, ressalvou Feres.

Em 2004, a pesquisadora e seu grupo participaram de um estudo internacional que comparou a microbiota de pacientes com periodontite no Brasil, Chile, Suécia e Estados Unidos. O estudo demonstrou que a composição das bactérias da boca pode variar entre os diferentes países.

“É importante que sejam realizados estudos sobre microbiota de pacientes com periodontite em diferentes regiões geográficas porque futuramente isso pode resultar em tratamentos específicos para cada tipo da doença”, afirmou Feres.

Os pesquisadores da UnG realizam uma triagem de pacientes para realização de novos estudos tanto para tratamento das periodontites como da periimplatites – uma infecção que ocorre ao redor de implantes dentários.

O artigo Short-term benefits of the adjunctive use of metronidazole plus amoxicillin in the microbial profile and in the clinical parameters of subjects with generalized aggressive periodontitis (doi: 10.1111/j.1600-051X.2010.01538.x), de Feres e outros, pode ser acessado gratuitamente no site doJournal of Clinical Periodontology em onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1600-051X.2010.01538.x/full.

Fonte: Agência FAPESP